sábado, 26 de fevereiro de 2011

Direção do Walfredo Gurgel renuncia

Cinco dos seis cargos de chefia do maior hospital de emergências do Rio Grande do Norte, o Walfredo Gurgel, serão ocupados por novos gestores. Ontem, a médica e diretora-geral da unidade, Hélida Bezerra, anunciou a saída dela e mais quatro diretores: Cláudio Guzzo, direção técnica; Marleide Alves, direção médica; Fátima Pereira, direção do pronto-socorro Clóvis Sarinho e Graciliano Antão, diretor administrativo. Segundo Hélida Bezerra, a decisão foi tomada conjuntamente e reflete a falta de apoio do secretário estadual de Saúde, Domício Arruda, às questões que envolvem  o maior  complexo hospitalar estadual.

Apesar do anúncio, a direção será mantida até a nomeação dos novos diretores e publicação das exonerações no Diário Oficial do Estado. Até a entrega oficial dos cargos, a direção do hospital terá de buscar mais de R$ 4 milhões em recursos junto à Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) para quitar as dívidas do ano de 2010, além de solicitar informações sobre a estimativa orçamentária para 2011. Até ontem, o hospital não havia recebido um centavo em repasses e os problemas de desabastecimento começaram a voltar à tona. O almoxarifado do complexo está desabastecido de seringas, gazes e esparadrapo. O problema atinge, também, o hospital Ruy Pereira, gerido pela Sesap.

 Para Hélida Bezerra, o principal motivou que culminou na renúncia dos diretores, foi a falta de abertura para diálogo do secretário Domício Arruda. “O que definiu nossa conduta foi a negativa do secretário em nos apoiar. Num primeiro momento, queríamos apoio nas decisões. O que ia além dos repasses de verbas. Ele não nos procurou para discutir questões básicas de saúde”, analisou a médica. Para ela, Domício não depositou confiança no trabalho da equipe que ainda está à frente do Walfredo Gurgel.

 Questionada sobre os demais motivos que levaram cinco diretores de um mesmo hospital a renunciar os cargos, Hélida para, pensa e com os olhos lacrimejados responde: frustração. “Nós saímos da inércia e fizemos muito por este hospital. As dificuldades estão muito enraizadas e não mudamos esta realidade da noite para o dia. Fizemos o que estava ao nosso alcance”, enfatiza.
desligamento

 Em nota, os diretores listaram os dois maiores obstáculos que se colocaram como fatores adversos ao processo de qualificação assistencial no Walfredo Gurgel. São eles:

A indefinição do perfil assistencial do Hospital, que dificulta o processo administrativo (aquisição de material médico hospitalar, insumos, medicamentos e dimensionamento de pessoal);

A inexistência de um Complexo de Regulação para o atendimento de urgência, organização e oferta de leitos, exames e consultas especializadas, implicando no entendimento confuso do princípio da “vaga zero” e impondo ao hospital de 268, por vezes, mais de 350 pacientes, dos quais 90 pacientes estão “internados” em macas no Pronto-Socorro e um número considerável de enfermos à espera de leitos de UTI.

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