“Quero dizer que foi lindo, maravilhoso e emocionante”
São Paulo (SP) - Gazeta Press - Ronaldo Luís Nazário de Lima finalmente deu ouvidos às suas dores - desde seus primeiros problemas no Corinthians, o atacante avisava que seu corpo clamava pela aposentadoria. Aos 34 anos, o Fenômeno que foi bicampeão mundial pela Seleção Brasileira, em 1994 e em 2002, anunciou a sua despedida do futebol no início da tarde desta segunda-feira. Ao lado dos filhos Ronald e Alex e de Andrés Sanchez, presidente do clube, Ronaldo hesitou antes de iniciar a entrevista. Ele deu boa tarde aos presentes duas vezes, riu nervosamente e ajeitou o microfone antes de começar o discurso que marcou o final de sua trajetória como atleta. “Fiz uma cola tremenda, mas não vou conseguir falar nada”, iniciou Ronaldo, claramente emocionado. “Estou encerrando minha carreira de jogador profissional e quero dizer que foi lindo, maravilhoso e emocionante. Tive muitas derrotas e infinitas vitórias. Fiz muitos amigos e não me lembro de ter feito inimigos”, completou.
A entrevista reuniu centenas de jornalistas no CT Joaquim Grava, enquanto alguns torcedores esperavam para tietar o astro do lado de fora. Há cerca de 10 dias, o mesmo local recebeu um grupo de manifestantes furiosos com as atuações do atacante após a derrota para o colombiano Tolima, na pré-Libertadores. Ronaldo começou a cogitar a sua aposentadoria a partir de então - inicialmente, o jogador havia previsto o término da carreira para o final do ano. Resolveu manter o planejamento para não dar “gostinho” aos torcedores “financiados por terroristas ligados ao clube”, porém não conseguiu vencer a batalha para entrar em forma e voltar a ser útil ao Corinthians. Ronaldo estava sozinho quando resolveu se aposentar, na última quinta-feira.
Enquanto a sua família viajava, o atacante decidiu não lutar mais contra as dores que sentia nos últimos anos de carreira e tomar uma decisão comparada à morte. “A partir de quinta-feira, quando eu decidi parar, parecia que eu realmente estava na UTI, em estado terminal”.
Para mostrar a sua união com os familiares, Ronaldo levou dois filhos para a entrevista coletiva em que deu adeus ao futebol. Ronald, o mais velho, ficou sentado ao lado do pai, quieto. Alex, o caçula, escondeu-se embaixo da mesa. “Eu expliquei tudo para eles. O Ronald já entende bem mais as coisas. Ontem, ele me fez todas as perguntas que os jornalistas estão fazendo agora”, sorriu o ex-atacante.
Segundo Ronaldo, sua família aceitou naturalmente o fim da carreira. “As pessoas que estão próximas a mim sofreram comigo a cada dia. Eu sinto dor ao subir uma escada. E não, eu não tenho elevador dentro da minha casa”, brincou. “Todos com quem eu conversei me entenderam. Doei a minha vida ao futebol. Fiz todos os sacrifícios mais duros e impensáveis e não me arrependo de nada”.
A passagem de Ronaldo pelo Parque São Jorge atingiu o seu auge em 2009, pouco após a bombástica contratação feita pelo presidente Andrés Sanchez, quando o jogador foi destaque nos títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil. O Fenômeno ainda alavancou o marketing corintiano, embora não tenha conseguido repetir as boas atuações. Marcou 35 gols (tinha a meta de fazer 30 por temporada) em 69 jogos disputados pelo clube, em pouco mais de dois anos. Ao optar pela volta ao Brasil, Ronaldo deixou para trás o coração flamenguista e incorporou o espírito corintiano para entrar no “bando de loucos”.
O atacante diz que a experiência no Timão foi inesquecível pela paixão dos torcedores. “Nunca vi uma torcida tão empolgada e apaixonada, uma torcida que se entregue tanto ao time”, elogiou o camisa 9, que minimiza até o fato de ter sido hostilizado depois do recente fracasso na pré-Libertadores contra o Deportes Tolima, da Colômbia. “É certo que algumas vezes essa torcida se torna um pouco agressiva, mas repito o que disse em outras entrevistas, não imagino ter vivido sem o Corinthians”, emendou.
A média de Ronaldo no Corinthians não pode ser desprezada. Ele praticamente fez um gol a cada duas apresentações. Em compensação, o Fenômeno deixa os campos com uma frustração. “Peço desculpas pelo fracasso no projeto Libertadores. Digo que o presidente (Andrés Sanchez) é um irmão para mim. Quero continuar vinculado a esse clube de alguma maneira. Estarei no estádio em algumas ocasiões para acompanhar o time”, avisou.
No Corinthians, Ronaldo trouxe muitos patrocinadores e alternativas financeiras para uma instituição que teve muitos problemas no passado recente. Ainda por cima, liderou o time em duas conquistas, no Campeonato Paulista e na Copa do Brasil. A final do Estadual de 2009 registrou um dos lances mais bonitos de Ronaldo no Parque São Jorge. O gol por cobertura diante do Santos, na Vila Belmiro, tirou aplausos até dos adversários. Os mais saudosos puderam lembrar do Rei Pelé naquele dia.
“Eu perdi para o meu corpo”
“Esse anúncio da minha aposentadoria foi como morrer pela primeira vez. É muito duro abandonar algo que te fez tão feliz, pelo qual você sente tanto amor. Mas eu perdi para o meu corpo”, comentou Ronaldo aos prantos. O “Fenômeno” reclamava de dores musculares frequentemente. “A minha família estava viajando na hora em que decidi parar, quando as dores me possuíram. Isso já estava me consumindo. Eu não conseguia pensar em mais nada. É horrível você achar que vai ganhar na velocidade do zagueiro, como sempre fez, e não conseguir”, lamentou.
O astro ainda explicou quais serão as suas atribuições no cargo de embaixador corintiano. - Não serei da comissão técnica nem da direção. Funcionará como um embaixador institucional, levando o nome do Corinthians mundo afora. Quero cada vez mais captar para o clube -, disse Ronaldo, responsável por atrair patrocínios para o time nos últimos dois anos. Além de seguir ligado ao Corinthians, o ex-atacante pretende se dedicar à sua empresa de marketing esportivo e criar um projeto social. - O meu futuro já está bem organizado. Quero tocar a minha agência e, depois, vamos anunciar o surgimento da Fundação Criando Fenômenos -, disse. Longe dos campos, Ronaldo não se preocupa mais em como conciliar seus afazeres. - Agora, tenho o principal para tudo: tempo -, sorriu, bastante emocionado em sua despedida como jogador.
A entrevista reuniu centenas de jornalistas no CT Joaquim Grava, enquanto alguns torcedores esperavam para tietar o astro do lado de fora. Há cerca de 10 dias, o mesmo local recebeu um grupo de manifestantes furiosos com as atuações do atacante após a derrota para o colombiano Tolima, na pré-Libertadores. Ronaldo começou a cogitar a sua aposentadoria a partir de então - inicialmente, o jogador havia previsto o término da carreira para o final do ano. Resolveu manter o planejamento para não dar “gostinho” aos torcedores “financiados por terroristas ligados ao clube”, porém não conseguiu vencer a batalha para entrar em forma e voltar a ser útil ao Corinthians. Ronaldo estava sozinho quando resolveu se aposentar, na última quinta-feira.
Enquanto a sua família viajava, o atacante decidiu não lutar mais contra as dores que sentia nos últimos anos de carreira e tomar uma decisão comparada à morte. “A partir de quinta-feira, quando eu decidi parar, parecia que eu realmente estava na UTI, em estado terminal”.
Para mostrar a sua união com os familiares, Ronaldo levou dois filhos para a entrevista coletiva em que deu adeus ao futebol. Ronald, o mais velho, ficou sentado ao lado do pai, quieto. Alex, o caçula, escondeu-se embaixo da mesa. “Eu expliquei tudo para eles. O Ronald já entende bem mais as coisas. Ontem, ele me fez todas as perguntas que os jornalistas estão fazendo agora”, sorriu o ex-atacante.
Segundo Ronaldo, sua família aceitou naturalmente o fim da carreira. “As pessoas que estão próximas a mim sofreram comigo a cada dia. Eu sinto dor ao subir uma escada. E não, eu não tenho elevador dentro da minha casa”, brincou. “Todos com quem eu conversei me entenderam. Doei a minha vida ao futebol. Fiz todos os sacrifícios mais duros e impensáveis e não me arrependo de nada”.
A passagem de Ronaldo pelo Parque São Jorge atingiu o seu auge em 2009, pouco após a bombástica contratação feita pelo presidente Andrés Sanchez, quando o jogador foi destaque nos títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil. O Fenômeno ainda alavancou o marketing corintiano, embora não tenha conseguido repetir as boas atuações. Marcou 35 gols (tinha a meta de fazer 30 por temporada) em 69 jogos disputados pelo clube, em pouco mais de dois anos. Ao optar pela volta ao Brasil, Ronaldo deixou para trás o coração flamenguista e incorporou o espírito corintiano para entrar no “bando de loucos”.
O atacante diz que a experiência no Timão foi inesquecível pela paixão dos torcedores. “Nunca vi uma torcida tão empolgada e apaixonada, uma torcida que se entregue tanto ao time”, elogiou o camisa 9, que minimiza até o fato de ter sido hostilizado depois do recente fracasso na pré-Libertadores contra o Deportes Tolima, da Colômbia. “É certo que algumas vezes essa torcida se torna um pouco agressiva, mas repito o que disse em outras entrevistas, não imagino ter vivido sem o Corinthians”, emendou.
A média de Ronaldo no Corinthians não pode ser desprezada. Ele praticamente fez um gol a cada duas apresentações. Em compensação, o Fenômeno deixa os campos com uma frustração. “Peço desculpas pelo fracasso no projeto Libertadores. Digo que o presidente (Andrés Sanchez) é um irmão para mim. Quero continuar vinculado a esse clube de alguma maneira. Estarei no estádio em algumas ocasiões para acompanhar o time”, avisou.
No Corinthians, Ronaldo trouxe muitos patrocinadores e alternativas financeiras para uma instituição que teve muitos problemas no passado recente. Ainda por cima, liderou o time em duas conquistas, no Campeonato Paulista e na Copa do Brasil. A final do Estadual de 2009 registrou um dos lances mais bonitos de Ronaldo no Parque São Jorge. O gol por cobertura diante do Santos, na Vila Belmiro, tirou aplausos até dos adversários. Os mais saudosos puderam lembrar do Rei Pelé naquele dia.
“Eu perdi para o meu corpo”
“Esse anúncio da minha aposentadoria foi como morrer pela primeira vez. É muito duro abandonar algo que te fez tão feliz, pelo qual você sente tanto amor. Mas eu perdi para o meu corpo”, comentou Ronaldo aos prantos. O “Fenômeno” reclamava de dores musculares frequentemente. “A minha família estava viajando na hora em que decidi parar, quando as dores me possuíram. Isso já estava me consumindo. Eu não conseguia pensar em mais nada. É horrível você achar que vai ganhar na velocidade do zagueiro, como sempre fez, e não conseguir”, lamentou.
O astro ainda explicou quais serão as suas atribuições no cargo de embaixador corintiano. - Não serei da comissão técnica nem da direção. Funcionará como um embaixador institucional, levando o nome do Corinthians mundo afora. Quero cada vez mais captar para o clube -, disse Ronaldo, responsável por atrair patrocínios para o time nos últimos dois anos. Além de seguir ligado ao Corinthians, o ex-atacante pretende se dedicar à sua empresa de marketing esportivo e criar um projeto social. - O meu futuro já está bem organizado. Quero tocar a minha agência e, depois, vamos anunciar o surgimento da Fundação Criando Fenômenos -, disse. Longe dos campos, Ronaldo não se preocupa mais em como conciliar seus afazeres. - Agora, tenho o principal para tudo: tempo -, sorriu, bastante emocionado em sua despedida como jogador.
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